Nas panelas, uma combinação que todo brasileiro conhece e aprecia: arroz e feijão. Mas no fogão da especialista em culinária japonesa Shizuko Yasumoto, a famosa dupla vira sobremesa.
Usando a técnica oriental do paninho ela envolve os bolinhos de arroz com um creme de açúcar e feijão. A receita faz a especialista em culinária japonesa voltar ao passado. Cada bolinho lembra o tempo em que ela morava com a família em Tóquio.
Ela vive no Brasil há 40 anos e apesar de defender o sabor da cozinha japonesa confessa que logo que chegou por aqui se apaixonou por uma delícia bem brasileira. “Primeiro, cheguei no Brasil e assustei com quindim. Por que era tão amarelo? Achei que colocava tinta. Depois eu estudei e aprendi que era a gema”, diz. “Achei gostoso” .
Shizuko conta que o doce saudável tem 2 nomes. No outono é “orragui”. Na primavera, em homenagem a esta flor, se chama “botamoti”. “Dentro tem arroz sem açúcar, então não é tão doce”.
Os amigos da anfitriã fazem questão de provar o docinho que acabou de sair da panela. “Parece um coco ralado e chocolate, mas é arroz e doce de feijão fora. É delicioso. Pra mim é sabor da infância lembra muito da minha mãe, da minha irmã, que a gente fazia junto”, afirma um deles. “Está saboroso. Nunca tinha comido tão gostoso”, diz outro.
Apesar de doce, o orragui não deve ser saboreado depois do almoço ou do jantar. É um lanche da tarde, diz quem entende do assunto. E pode ser saboreado com chá verde.
Chá verde
O chá verde que na casa de Shizuko é o acompanhamento obrigatório pro docinho de arroz e feijão, em uma confeitaria de São Paulo se transforma na matéria prima principal de um rocambole. Aqui tem chá verde na massa, na cobertura e em boa parte do recheio.
O bolo é uma invenção de um confeiteiro japonês que há 10 anos se mudou com a mulher para São Paulo. Jully Lumi é brasileira e conheceu o chef Shinobo Sasaki do outro lado do mundo. “Eles testavam e eu provava. Os clientes começaram a gostar e assim criamos os ovos de chá verde, o bolo de chá verde”, conta Jully.
A mistura deu certo. O pó de chá verde, chamado de “matchá”, dá cor e um sabor oriental à massa do rocambole. O bolo com recheio de frutas também tem o gostinho da folha.
Até o sorvete e o chantilly sáo feitos com chá verde. O doce de feijão e o capricho do confeiteiro dão um toque especial à sobremesa.
Pensando nos apaixonados por chocolate, o casal investiu em novas receitas, como as trufas verdes. Além de gostosa, a sugestão é uma boa maneira de homenagear esses imigrantes que ajudam há 100 anos a incrementar os sabores do Brasil.